Quando a Guerra passou por Natal (RN)

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Em 1942, Natal (RN), à época com 55 mil habitantes, se transformou em dos pontos centrais da Segunda Guerra Mundial. A instalação de duas bases militares norte-americanas provocou mudanças e deixou memórias perenes. Recentemente, ação do Ministério Público Federal (MPF) para preservar o patrimônio histórico do período resultou no livro “Lugares de Memória”, do pesquisador Rostand Medeiros.

“Eu instaurei um inquérito civil com o objetivo de proteger e resgatar o patrimônio histórico e cultural relacionado aos imóveis ocupados pelas tropas americanas em Natal. Durante o procedimento, realizamos reuniões com diferentes atores, representantes de órgãos públicos, pesquisadores. Foi aí que eu encontrei Rostand Medeiros”, explica o procurador da República no Rio Grande do Norte Victor Mariz.

A obra foi lançada oito meses depois da primeira audiência pública sobre a preservação do patrimônio histórico potiguar. Ela traz informações e curiosidades das edificações utilizadas na capital potiguar durante a Segunda Guerra. Ao todo, são mostrados 27 locais, como quartéis, hospitais, sedes de companhias aéreas, bares, cabarés, hoteis, clubes militares, residências de oficial e do cônsul norte-americano, entre outros. A cidade foi escolhida pelos Estados Unidos devido à posição estratégica em relação aos continentes africano e europeu, o que permitia decolagens com segurança. A passagem do Exército aliado fez a região experimentar desenvolvimento econômico inédito.

Avio PB4Y da US Navy para busca e destruio de submarinos batizado com nome da cidade potiguar de Macaba na poca Macahyba.JPG Janeiro de 1943 encontro de Getlio Vargas com Franklin Delano Roosevelt no USS Humboldt no Rio Potengi Natal.JPG Natal em 1943.JPG

Parnamirim Field em 1942 atual Base Area de Natal.JPG Rua Chile principal artria comercial de Natal na poca.JPG

As informações que constam nas 170 páginas da obra faziam parte de um relatório para nortear as ações do Ministério Público Federal. “Eu estava representando o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e me voluntariei, na audiência pública, para elaborar o relatório. O documento acabou ficando simples e dinâmico, como se fosse um guia prático sobre a história da cidade”, contou o pesquisador Rostand Medeiros.

O conteúdo fez com que o historiador pensasse em algo ainda maior, que pudesse ser acessível a todo e qualquer cidadão. Nesse meio tempo, a Prefeitura de Natal divulgou edital para publicações. “Lugares de Memória” foi um dos contemplados. Hoje, o livro é o nono mais vendido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que comercializa a obra com exclusividade. “Para mim, foi uma grande surpresa. Não é a questão do número, mas do retorno e da preocupação da sociedade em relação a questões históricas e de preservação do patrimônio”, comemorou Rostand.

Antiga sede do Observador Naval da US Navy em Natal.JPG Estado atual do prdio onde funcionou o Cabar Arpge um dos mais movimentados da cidade.JPG Grande Hotel de Natal o principal da cidade antes e depois 1.JPG

Grande Hotel de Natal o principal da cidade antes e depois 2.JPG

Os efeitos da publicação e do inquérito civil do MPF ainda foram além. Da mobilização, veio o primeiro grupo de estudos do Departamento de História da UFRN, focado na 2ª Guerra Mundial. Segundo Mariz, o trabalho não acabou. A ideia é criar o Museu da Rampa para contar a história da aviação e da participação de Natal na guerra, assim como em Parnamirim, também no Rio Grande do Norte, com o Centro Cultural Trampolim da Vitória. “Também queremos, com o apoio do Sebrae, criar uma rota turística e histórica em Natal. O projeto ainda está em fase de tratativas com administração municipal”, disse.

O procedimento do MPF que estimulou o historiador a escrever “Lugares de Memória” continua tramitando na Procuradoria da República do RN.

Quando a Guerra Passou por Natal