A partir de hoje e até a próxima quinta, 22 de setembro, dia em que a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) completa 49 anos, você vai acompanhar uma série de matérias com pessoas que marcaram a história da entidade. O primeiro é Aristides Junqueira, confira!
A década de 1970 tem uma dupla simbologia para o subprocurador-geral da República aposentado, Aristides Junqueira. Em novembro desse ano, ele se tornou procurador da República, após aprovação no 2º concurso realizado pelo Ministério Público Federal (MPF), dois meses depois de ser criada a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Permanecem vivas as lembranças das trajetórias dele e da entidade representativa da carreira. Ele se recorda do primeiro presidente da ANPR, Geraldo Fonteles, e de tantos outros que assumiram o posto, bem como das iniciativas da associação para integrar os membros do MPF de todo o país.
“Na década de 1970 mesmo, houve o primeiro Encontro Nacional dos Procuradores da República, em São José dos Campos, em São Paulo. Lá estavam colegas do primeiro concurso como Miguel Frausino e Francisco Resek, e do meu concurso também, como Claudio Fonteles, Lineu Escorel Borges e Pedro Jorge de Melo e Silva, assassinado anos depois. Alguns já se foram, mas na minha memória eles permanecem vivíssimos. Isso me traz muita emoção quando eu vejo esses retratos”, complementou.
O encontro a que se refere Aristides Junqueira ocorre todos os anos, até hoje. “Esses encontros são muito importantes. Por meio deles, convivi com colegas que não conhecia. Essa iniciativa é um fator de congregação”, acrescentou.
De acordo com o subprocurador-geral da República, os primeiros passos da ANPR foram numa realidade marcada ainda pelo número reduzido de procuradores com uma área de atuação não tão definida, como atualmente.
“Era uma turma relativamente pequena. O ideal nosso era o de aprimoramento da instituição. Em 1973, nós não tínhamos uma Constituição. E mais. Nós éramos também os representantes judiciais da União, ou seja, não havia advogados da União. Nós éramos, concomitantemente, membros do Ministério Público e advogados da União, o que, a meu ver, causava uma perplexidade na nossa carreira. Isso só foi resolvido em 1993, quando se criou a AGU”, destacou.
A verdade é nessa história há mais do que uma relação entre membro do MPF e entidade. De 1989 a 1995, o Aristides Junqueira assumiu o cargo de procurador-geral da República e recebeu por diversas vezes diretores da ANPR para falar a respeito da garantia de prerrogativas e de melhorias para a carreira e para o aprimoramento da instituição.
“Com a associação, a relação era a melhor possível. Um episódio que marcou foi quando Wagner Gonçalves [presidente da ANPR à época] me procurou para tratar de questões remuneratórias com delegados da associação. E la, no auditório, eu pedi um voto de confiança. E, um mês depois, eu tinha conseguido atender ao pleito. Nada perturbava a nossa convivência”, contou.
Quase 50 anos se passaram. A carreira e o MPF sofreram mudanças, assim como a ANPR. “A ANPR cresceu muito. A associação precisa ter cada vez mais esse congraçamento, esse espírito de união e de ajuda mútua. Eu sempre tive essa convicção como PGR, de uma classe unida e entusiasmada com o MP. E é isso que é preciso”, concluiu Aristides Junqueira.