A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) inaugurou, nessa quarta-feira (9). a exposição “Toda vez que se fura uma obra, muitas outras surgem”, no museu Sepúlveda Pertence, no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF). A mostra busca fazer uma reflexão sobre os atos de 8 de janeiro. A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente da ANPR, Ubiratan Cazetta, do vice-presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso e das curadoras - a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz e a procuradora da República Fabiana Schneider.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente da ANPR destacou a escolha dos artistas, com foco na diversidade da população brasileira, principalmente segmentos silenciados na representação oficial: as populações negras e indígenas. "A defesa da democracia se faz por símbolos, se faz por atos concretos, se faz no dia a dia, na construção das nossas atuações. Esta exposição traz o mote da defesa da democracia, os tristes fatos do 8 de janeiro, mas, não apenas eles, os fatos que antecederam o 8 de janeiro. E, com a sensibilidade da arte, provoca não apenas a discussão jurídica. A sensibilidade das curadoras se mostra na escolha dos artistas, dos diversos perfis, dando voz àqueles setores que sempre se encontraram invisibilizados".
O ministro Luís Roberto Barroso, eleito minutos antes o próximo presidente do STF, destacou que o Brasil precisa viver a pacificação e que, para isso, é necessária a criação de uma agenda que congregue todas as pessoas em um mesmo ideal, ainda que com diferentes visões de mundo. “A democracia tem lugar para liberais, progressistas e conservadores, só não tem lugar para intolerância e para aqueles que não gostam de conviver com o outro, com o diferente, com o contrário, com a diversidade”, afirmou o ministro. “A batalha que aconteceu aqui, na verdade, resultou num refloramento da democracia brasileira. A Justiça é um ideal que não se destrói nunca”.
A antropóloga Lilia Schwarcz destacou que a ideia da mostra é emocionar e lidar com o afeto à democracia. “A democracia é, por definição, um regime incompleto, e a incompletude é o seu desafio, mas é também a sua beleza”.
Para a procuradora da República Fabiana Schneider, a iniciativa foi ousada ao trazer para a linguagem das artes um tema tão importante.
“A construção da democracia passa pelo exercício da educação, da cidadania e da arte. Principalmente da arte, que é o espaço de liberdade, de criatividade e é onde a gente pode explorar sob as mais variadas formas o que é democracia, o que é inclusão. Essa mostra dá uma demonstração do que é isso. A gente traz a linguagem artística para falar de democracia”, destacou a procuradora da República Fabiana Schneider.
“A ideia desta exposição é utilizar, realmente, a arte como expressão e reflexão sobre a realidade crítica, e como forma de ressignificar atos tão gravosos, tristes e impactantes para a nossa sociedade. A gente sabe que existe uma argumentação e um pensamento jurídico sobre o assunto. O que a ANPR faz é oferecer um modo diferente de refletir sobre esses atos com obras de artistas, que têm cada um a sua visão particular de qual impacto isso causou na vida de todos nós”, completou a vice-presidente da ANPR, Luciana Loureiro.
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Artistas e obras
- “Aceita?” de Moisés Patrício (2023)
- “Afirmação do valor do homem brasileiro #2” de Jaime Laureano (2023)
- “Bandeira ou o Feminicídio de Pindorama” de Panmela Castro (2022)
- “Brasil” de Marlon Amaro (2023)
- “Constituição Popular” de Marisa Silva (2023)
- “Do mar ao rio” de Nay Jinknss (2022)
- “Grito de Twá” de Aislan Pankararu (2023)
- “Kihtimori Pirô” de Daiara Tucano (2023)
- "Manual antifascista: onças não negociam com porcos” de Denilson Baniwa (2020)
- “O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos III” de Elian Almeida (2023)
- “Oxossi” de Rodrigo Bueno (2005)
- Série "Pataxó: uma história de resistência" de Arissana Pataxó (2006)
- “Série Verônicas” de Antônio Obá (2011)
- “Sobre tudo, mas não sobre qualquer coisa” de Flavio Cerqueira (2016)
- “The true Brazilians" de "O Bastardo" (2023)
Serviço:
Exposição: “Toda vez que se fura uma obra, muitas outras surgem”
Local: Museu Sepúlveda Pertence – Supremo Tribunal Federal
Horário de visitação: Segundas e sextas, das 14h às 18h.