A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e a Fundação Pedro Jorge (FPJ) inauguram nesta quarta-feira (9), às 18h, no museu do Supremo Tribunal Federal (STF), a exposição "Toda vez que se fura uma obra, muitas outras surgem". O evento marca os sete meses dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
A exposição conta com a curadoria da historiadora e antropóloga, Lilia Schwarcz e da procuradora da República Fabiana Schneider. De acordo com as curadoras, foram convidados para a exposição "artistas que representam a diversidade da população brasileira, e sobretudo, aqueles segmentos da nação durante tanto tempo silenciados na representação oficial: as populações negras e indígenas".
A exposição é aberta ao público. As visitações podem ser feitas às segundas e sextas, das 14h às 18h. Em outros dias e horários, apenas mediante agendamento. Para agendar, clique aqui.
Artistas e suas obras
“Brasil” de Marlon Amaro (2023)
A obra desenha no seu conjunto as cores da bandeira brasileira - no azul do fundo, no verde da vegetação e no amarelo da camiseta do garoto que lê compenetrado um documento.
“O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos III” de Elian Almeida (2023)
Releitura da famosa pintura acadêmica de Pedro Bruno, aluno da Escola Nacional de Belas Artes que, em 1919, conquistou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, com aquele que se transformaria no seu trabalho mais famoso: A Pátria.
“Oxossi” de Rodrigo Bueno (2005)
Oxossi é orixá da mata e da caça, e por isso aparece com frequência representado portando seu arco e flexa. Rodrigo “coleta” e se define como “um catador” da cidade. Ele trabalha com resíduos materiais das cidades, recuperando-os e dando novos significados: de lixo eles se transformam em arte.
“Bandeira ou o Feminicídio de Pindorama” de Panmela Castro (2022)
Nessa bandeira costurada a partir do diálogo entre diferentes tecidos brancos, que conformam tons variados em cima de uma mesma cor, a artista introduz na extremidade de baixo da obra uma grande e perturbadora mancha vermelha.
“The true Brazilians" de O Bastardo (2023)
O Bastardo inverte e questiona retratos por demais coloniais, que costumam mostrar pessoas negras sempre em situações subalternas, quando não vitimizadas. Nessa obra, ele apresenta um grupo de rapazes negros, com seus cabelos tingidos orgulhosamente de amarelo, camisetas de moda e o fundo azul com marcas que lembram o consumo de marcas elegantes.
“Aceita?” de Moisés Patrício (2023)
Uma mão negra se destaca por sobre um fundo amarelo forte e vibrante. A obra fala de esperança, simbolizada pela pulseira de búzios, uma marca de identidade contraposta à violência, que aparece no braço do modelo.
“Do mar ao rio” de Nay Jinknss (2022)
A artista multimídia e fotógrafa usa as fotografias coloniais de escravizados e escravizadas para, então, subvertê-las. Assim, ela nos força a realizar pequenas e grandes reparações históricas, no sentido de consertar e rever, mas também de vigilar e não repetir.
“Constituição Popular” de Marisa Silva (2023)
A Constituição carrega os valores que uma sociedade deseja ver realizados dentro de um Estado de Direito Democrático. São pontos de esperança para a construção de uma sociedade menos desigual em oportunidades. A obra apresenta uma Constituição e traz bordados em parte dela.
"Manual antifascista: onças não negociam com porcos” de Denilson Baniwa (2020)
O historiador Mark Bray, autor do livro “Antifa – O manual antifascista”, nele afirma que “não são necessários muitos fascistas para instaurar o fascismo”. Não por acaso, essa é a frase que compõe a obra de Baniwa. Ela significa um alerta: “Portanto... não os deixem agir!”.
“Grito de Twá” de Aislan Pankararu (2023)
O indígena Pankararu, Aislan se autodefine como “caatingueiro, sou o risco na pele sertaneja beijada pelo manto árido do sertão”. O quadro significa um grito na tela, uma cartografia na terra. Mapas etnográficos de saberes locais que a razão universalizante tenta esconder.
“Afirmação do valor do homem brasileiro #2” de Jaime Laureano (2023)
A frase vem da “carta aos leitores”; documento enviado no dia 22 de julho de 1970, pelo general Emílio Garrastazu Médici, então presidente da República, para grandes jornais brasileiros. O trabalho convoca a sociedade a pensar o nosso passado no presente: a violência do Estado autoritário, que contracena com formas mais democráticas de representação; nesse caso, o universo religioso afrobrasileiro.
Série "Pataxó: uma história de resistência" de Arissana Pataxó (2006)
A série recupera a memória Pataxó a partir de imagens feitas em carvão, e que retratam lideranças dessa comunidade que lutaram em defesa do território tradicional Pataxó antes, durante e após o incêndio de 1951. O episódio representou uma das várias tentativas de genocídio ao grupo, e marcou a própria vida e narrativa desse povo.
“Sobre tudo, mas não sobre qualquer coisa” de Flavio Cerqueira (2016)
Na obra, um garoto negro escreve numa parede branca, que parece innda. Emancipação é um dos conceitos explorados por Paulo Freire. Para ele, educar não é transmitir um conjunto de conteúdo. Educação como emancipação signica a emergência da capacidade de pensar o mundo de novo, o novo. A linguagem e o letramento são atos de liberdade, e, nesse caso, o gesto do rapaz é tomado pelo simbolismo da palavra e da escrita, aqui entendidas como formas diletas de emancipação.
Serviço
Abertura da Exposição: “Toda vez que e fura uma obra, muitas outras surgem”
Dia: 09/08
Hora: 18h
Local: Museu STF – Supremo Tribunal Federal
Exposição: “Toda vez que e fura uma obra, muitas outras surgem”
Dia: de 09/08 a 29/09
Horário de visitação: Segundas e sextas, das 14h às 18h. Em outros dias e horários, apenas mediante agendamento. Para agendar, clique aqui.
Local: Museu STF – Supremo Tribunal Federal