"Reflexos: as mulheres e suas imagens no sistema de justiça”. Este é o título da obra lançada, nesta terça-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, pela ANPR Mulheres e pelas comissões de mulheres da Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe), da Associação Nacional dos Procuradores e das Procuradoras do Trabalho (ANPT), da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Federais (Anadef).
“Esse momento foi muito aguardado. Essa publicação é resultado dessa união de esforços. É apenas o começo. É o início da atuação conjunta de todas as associações”, destacou a coordenadora da ANPR Mulheres, Manoela Lamenha.
Manoela Lamenha explicou que a publicação reúne 22 artigos científicos nos quais os autores expõem a realidade no sistema de Justiça, no qual homens e mulheres recebem tratamento diferenciado, bem como oportunidades. O material promove uma reflexão para a necessidade de mudar este cenário.
“Quantos fantasmas teremos ainda que combater para ocupar os postos de comando das instituições que integram o sistema de Justiça em nosso país? A lista de “fantasmas” aumenta exponencialmente se introduzirmos as variáveis raça e classe social a essa luta, numa triste realidade que nem de longe lembra o modelo inaugurado pela Constituição de 1988 de sociedade inclusiva e baseada no princípio da não discriminação, cujo Preambulo já enuncia esse intento”, alertou a vice-presidente da ANPT, Lydiane Machado e Silva
De acordo com a vice-presidente da Anadef, Maria Pilar Prezeres de Almeida, a obra resulta da descoberta de que se trata de um problema comum.
“A gente descobriu que existia algo em comum em todas as associações. A gente conversando viu que o problema é comum a todas as carreiras. É uma pequena sementinha que estamos lançando hoje. O livro tem muito conteúdo. O mais bonito do nosso trabalho é trazer as mulheres negras, pessoas com deficiência, a população trans para que a gente chegue nos espaços e todos possam dialogar de igual para igual”, acrescentou.
“São reflexões profundas e necessárias. Muitos dos nossos problemas são transversais. Escrever artigos, estudar e pesquisar eram atividades feitas por homens. O conhecimento não é neutro. Os questionamentos que a gente traz são para trazer novos conhecimentos”, afirmou a vice- presidente da Anafe, Herta Rani Teled.
Para a coordenadora da Ajufe Mulheres, Camila Monteiro Pullin, a união entre as comissões é fundamental na luta por maior participação feminina nos espaços, inclusive, os de comando.
“Venho reforçar a necessidade da nossa união entre as carreiras. Essa articulação é muito importante. È a produção do conhecimento compartilhado entre as carreiras do sistema de justiça. Mas, a nossa articulação é que vai fazer diferença para avançar nas políticas de equidade de gênero”, ponderou.
A convidada Salise Monteiro Sanchotene conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apresentou o cenário ainda tímido de mulheres no Judiciário, realidade que não foge das estatísticas de outras instituições a exemplo do Ministério Público.
“Esse dia entrará para a história. Quando todas as associações falam do mesmo problema nós conseguimos mostrar o problema. Precisamos falar sobre o problema e dar visibilidade a isso. A mobilização das carreiras é importante para que a luta não acabe”, declarou.
Ao final, as representantes das comissões leram a Carta de Brasília na qual reforçam a participação no enfrentamento da desigualdade de gênero.
Acesse a Carta de Brasília na íntegra.