Nesta terça-feira (30), durante o primeiro dia do Encontro ANPR Mulheres, os participantes dialogaram com o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a secretária-geral do Ministério Público da União (MPU), Eliana Torelly, sobre ações no âmbito da instituição que promovam a equidade de gênero. O evento que discute a temática ocorre até esta quarta-feira (31), em Brasília.
Na abertura, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Ubiratan Cazetta, agradeceu à Administração a edição da portaria que revisou os critérios de autorização da residência fora da localidade de lotação às gestantes e lactantes.
“A ANPR reconhece a importância dos atos praticados pela gestão no reconhecimento de mudança de algumas das regras relativas ao último trimestre da gestação e amamentação atendendo a um pleito nosso. A conversa foi muito fluida exatamente porque reconhecemos a importância do tema. Quero mais uma vez consignar a importância desse diálogo, a importância da liberdade que nós temos dessa conversa franca e muito construtiva com a Administração”.
De acordo com o procurador-geral da República, Augusto Aras, atender aos pleitos das procuradoras não representa conceder privilégios e sim ter sensibilidade às necessidades particulares das mulheres.
“A nossa gestão é uma gestão absolutamente republicana e impessoal, que respeita a igualdade de oportunidades sem desconhecer que cada segmento da nossa carreira tem especificidades, em que não podemos tratar as questões mais sensíveis, como a da mulher, da mesma forma como tratamos outros temas. A questão da ANPR Mulheres e suas reivindicações foram vistas por mim com o grau da minha maturidade. Motivar homens e mulheres, dar condições de dignidade, isso faz parte de um dever mínimo que nós temos. E a ANPR é o canal adequado para levar as pretensões e por isso que fica mais fácil dialogar”, enfatizou.
Na oportunidade, a coordenadora da ANPR Mulheres, Manoela Lamenha, fez um histórico da atuação da Comissão criada há um ano.
“A importância da criação da ANPR Mulheres naquele momento foi diante da percepção de que uma carreira com menos de 30% de mulheres, obviamente, algumas demandas particulares ou iam ser tratadas por homens ou não iam ser lembradas. O mais importante foi o estreitamento dos laços da associação com as colegas e com as demandas sobre o tema. Existiam demandas reais, demandas urgentes, que estavam completamente inviabilizadas”, arrematou a coordenadora.
As demandas, inclusive, compuseram a “Carta ANPR Mulheres” (série de propostas que requerem da instituição uma atenção especial às demandas femininas e a implementação de uma política de diversidade) entregue em março deste ano à Procuradoria-Geral da República (PGR).
“É preciso o olhar diferenciado. No MPF somos minoria, então a gente enfrenta sim dificuldades e acho que ainda é necessária uma mudança de mentalidade em alguns segmentos da nossa carreira”, afirmou a secretária-geral, Eliana Torelly, que reforçou estar aberta para continuar a conversar com as associadas para tornar o MPF um lugar mais justo a todos da carreira.