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Cláudio Drewes: uma luta pessoal e profissional por respeito à pessoa com deficiência

Cláudio Drewes: uma luta pessoal e profissional por respeito à pessoa com deficiência

“Essas pessoas que não têm voz na sociedade precisam do Ministério Público Federal e de outros ramos do MP para que seja defendida a sua posição. Nós devemos assumir o papel de protagonista na defesa da pessoa com deficiência”.

A afirmação do procurador regional da República Cláudio Drewes vai além de uma declaração como membro do Ministério Público Federal (MPF). Trata-se de um desabafo, ou melhor, de um clamor de quem conhece de perto as barreiras e os desafios das pessoas com deficiência. A luta é diária. Mas, não em causa própria. E, sim, para que milhões de pessoas com deficiência, no Brasil, sejam vistas com mais respeito pela sociedade.

Em celebração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, Cláudio Drewes, ressalta o papel da instituição pela garantia de direitos constitucionais.

“O Ministério Público Federal, como instituição com grande peso e consideração na sociedade, tem um papel muito nobre, que é de defender a ordem jurídica. Dentro da ordem jurídica, obviamente, nós temos os direitos individuais indisponíveis . Nós sabemos que o Ministério Público Federal juntamente com os outros ramos do MP tem um papel de defender essas minorias, como é feito com os indígenas, com os quilombolas. Sendo a pessoa com deficiência a parte mais vulnerável da sociedade, eu entendo que o MP tem que assumir o seu verdadeiro papel de representar os interesses dessas pessoas na sociedade. Ou seja, ser mais proativo com as suas ações, ser mais protagonista no sentido de promover os direitos da pessoa com deficiência e promover que a lei seja cumprida", destaca o membro do MPF que atua na Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF).

 

História de recomeço
Fevereiro de 1988, a data marcou uma reviravolta na vida do procurador Cláudio Drewes José de Siqueira. Foi quando ele ficou tetraplégico, aos 16 anos de idade, durante um mergulho numa cachoeira próxima a Brasília. Na época, os médicos estavam descreditados. Com um pouco de otimismo, os profissionais disseram que o paciente até sairia vivo, mas não sobreviveria por muito tempo, em função das complicações respiratórias.

O membro do MPF lutou fortemente e superou as barreiras. E as previsões dos médicos não vingaram. Após passar mais de um ano na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ele decidiu refazer os planos e realizar os sonhos.

"Foi depois que eu saí da UTI que eu decidi fazer uma coisa grande, em retribuição por tudo que eu recebi ali, a começar a vida que eu não perdi, a lucidez, porque eu poderia ter tido sequelas intelectuais enormes. A minha recuperação respiratória, que era uma situação improvável para a época. Eu decidi buscar alguma coisa e vi no Direito uma ferramenta muito grande. Pensei em ser juiz federal mas, na faculdade, no primeiro ano [de curso] eu mudei essa ideia esse sonho depois de conhecer o que o Ministério Público Federal representa na sociedade. Depois de muita luta, de muita discriminação em vários concursos, eu pude finalmente ingressar no concurso dos meus sonhos”, relembra.

Claudio Drewes cursou Direito, advogou por alguns anos e está MPF há mais de duas décadas. Parte da trejetória foi construída na primeira instância com atuação em todas as áreas do Ministério Público Federal, com uma atenção maior aos interesses e na defesa das pessoas com deficiência. Além disso, esteve à frente de diversos casos de grande repercussão no país.

Desta forma, o procurador regional mostra que é possível superar, todos os dias, as barreiras. Ele prova que as limitações são uma realidade, mas não o impedem de exercer as atribuições. Ao escolher por continuar firme e forte nos propósitos ele é hoje uma inspiração.

“Nós não estamos querendo um olhar assistencial, de pena. Queremos é o reconhecimento da nossa condição de pessoa, de sujeito na sociedade, que participa, tem direitos e deveres igual às outras pessoas”, finaliza.

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