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Homenagem aos aposentados: Marco André Seifert

Homenagem aos aposentados: Marco André Seifert

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) dá continuidade à série em homenagem aos membros do Ministério Público Federal (MPF) recém-aposentados: Histórias do MPF - Aposentados. Nesta terça-feira (10), a entidade traz entrevista com o procurador regional da República Marco André Seifert.

Marco André Seifert
Nascido em Santa Rosa (RS), assumiu o primeiro cargo público, de oficial escrevente do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, em março de 1985, quando ainda cursava Direito na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Na mesma Comarca, exerceu ainda o cargo de oficial ajudante entre março e agosto de 1988, quando tomou posse no cargo de promotor de justiça substituto em Santa Catarina. Em setembro de 1989, passou a exercer o cargo de promotor de justiça no Rio Grande do Sul. Em fevereiro de 1991, tomou posse no cargo de procurador da República de 2ª Categoria, na Procuradoria da República em Minas Gerais (PR-MG). Em 1995, removeu-se para a Procuradoria da República no Rio Grande do Norte (PR-RN), onde exerceu as funções de procurador regional dos direitos do cidadão por dois anos. Foi promovido, a partir de julho de 2002, a procurador regional da República, com lotação na Procuradoria Regional da República da 4ª Região, tendo exercido a chefia administrativa da Unidade de 1º de outubro de 2013 a 30 de setembro de 2015. Aposentou-se em 23 de dezembro de 2021.

Por que decidiu ser procurador da República?
Durante o curso de Direito, imaginava seguir a carreira de Juiz de Direito, e este pensamento encontrava, no exercício dos cargos de Oficial Escrevente e Oficial Ajudante, ambiente propício a crescer. Após a graduação, e enquanto estudava no Curso Preparatório para a Magistratura, da Ajuris, surgiu a oportunidade de prestar concurso público para promotor de justiça em Santa Catarina, cargo para o qual fui nomeado em agosto de 1988. Foi ali, no Ministério Público de Santa Catarina, que comecei a compreender com mais profundidade o potencial e o alcance das atribuições ministeriais. Um ano e pouco depois, retornei ao Rio Grande do Sul para integrar o Ministério Público gaúcho. Em 1991, convencido de sua relevância para, nos termos da Constituição da República, a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, iniciei minha carreira no Ministério Público Federal.

Se pudesse, qual conselho daria para o senhor jovem, recém-empossado no MPF?
Diria algo mais ou menos assim: você se deparará com os mais diversos assuntos e eventos, talvez com alguns que nem sequer pode imaginar. Use amplamente olhos e ouvidos para cumprir fielmente os deveres da  posição. As situações favoráveis avaliarão a sabedoria; as desfavoráveis, a sinceridade. Em qualquer circunstância, lembre-se: para aperfeiçoar e embelezar a vida, use o seu coração de amor.

Quais momentos foram mais marcantes em sua carreira?
Talvez não seja exagerado dizer que a carreira foi marcante em sua inteireza. No entanto, é possível destacar alguns momentos especiais, como a participação em dois júris, sendo um em Belo Horizonte e outro em Natal. Neste, em auxílio ao colega Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, atualmente ministro do STJ. Também foram marcantes os momentos de conhecer o lixão de Parnamirim, na época em que afetava Área de Segurança Aeroportuária, e os manguezais, restingas, falésias e dunas potiguares, especialmente na localidade de Diogo Lopes, onde estava em curso movimento dos moradores que estimulou a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ponta do Tubarão. Finalmente, talvez o momento mais marcante tenha sido aquele em que atendi uma senhora que, sofrendo com um aborto retido, não conseguia obter o tratamento necessário, com o mesmo médico que acompanhara a gestação até então, porque a operadora de seu plano de saúde havia vendido a carteira de clientes para outra operadora na qual o profissional não era credenciado, e ambas não se consideravam responsáveis por atendê-la. O problema somente foi resolvido a partir de liminar judicial, em ação civil pública.

Quais foram os maiores desafios?
No curso da carreira de procurador da República, parece ser absolutamente normal surgirem desafios de toda ordem, a exigirem renovação constante e intensa dedicação. O período mais desafiador para mim foi aquele no exercício da chefia administrativa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região (PRR4), marcado pela conclusão das obras da sede da Unidade e sua ocupação, época em que também ocorreu inspeção do CNMP. A preocupação em tomar as melhores decisões possíveis, aliás, motivou minha participação no Curso “MBA Executivo: Gestão Pública” da Fundação Getúlio Vargas, concluído em agosto de 2016. Relembrando o período, fica uma forte sensação de que nele ocorreram vários pequenos milagres. Acredito que os resultados foram muito bons, especialmente porque pude contar com o apoio sempre presente dos colegas e a dedicação ímpar dos servidores da PRR4. Sou-lhes absolutamente grato.

Como gostaria de ser lembrado daqui a alguns anos?
Apenas como alguém que Deus abençoou, fazendo-me aprender: a crescer nas lágrimas; a adquirir experiência nos erros; a humildade na ignorância; a renovar e ampliar o coração.

Quais são os seus planos para a aposentadoria?
Inicialmente, dedicar mais cuidado à saúde, minha e dos familiares, especialmente estando mais disponível para acompanhar minha mãe. Além disso, pretendo aprofundar meu aprendizado de mandarim e retomar os estudos musicais, deixados em segundo plano por longo tempo. E, ainda, ajudar, de alguma forma, a concretizar a aspiração de um querido mestre falecido há alguns anos, colaborando com a educação de jovens e crianças – para isto, estou atualmente cursando Pedagogia.   

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