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José Martins Arantes: “membro de coração do MPF” deixa o Brasil em luto

Um dia após completar 84 anos de idade, José Martins Arantes deixa a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), o Ministério Público e o Brasil em luto. A notícia do falecimento, nesta segunda-feira (11), causou consternação aos membros não só do Ministério Público Federal (MPF), mas também de outros órgãos e instituições, reconhecimento aos anos dedicados à instituição e ao trabalho em prol da democracia brasileira.

“Arantes nos deixa com aquela sensação de que sua presença nunca nos faltará. Foram anos dedicados ao MPF, na defesa de cada um de nós, sempre com seu jeito afável, com seu peculiar mineirês, mas com conhecimento e habilidade inigualáveis. Não é exagero reconhecer que a história do MPF, no período pós-88, deve muito a Arantes, ao trabalho e ao preparo que teve com sua equipe na ASSART. A ANPR sempre irá tê-lo como um dos seus mais próximos conselheiros e eu, pessoalmente, como alguém que me acolheu e me ajudou desde que ingressei na carreira”, lamenta o presidente da ANPR, Ubiratan Cazetta.

Natural de Guidoval (MG), José Martins Arantes é considerado um “membro de coração” do MPF. Isso, porque o ingresso na instituição não foi por concurso público para procurador da República, mas é como se fosse, diante da atuação que teve em defesa da carreira e do MPF.

Aposentado pelo Ministério da Fazenda, foi subchefe da Casa Civil da Presidência da República. O então presidente José Sarney, no fim do mandato, satisfeito com a interlocução de Arantes junto ao Parlamento, sugeriu ao então procurador-geral da República, Aristides Junqueira, que o convidasse a desempenhar função similar no MPF.

O convite foi feito e aceito, de forma que, em 1990, ele assumiu cargo na Procuradoria-Geral da República. Esse momento permanece vivo – como se fosse ontem, na memória do subprocurador-geral da República aposentado.

“Convivi com o Arantes que se tornou meu amigo. Muito desfrutei de seu trabalho junto ao parlamento. Sua fidelidade ao Ministério Público era admirável. Para mim Arantes não morreu. Estará, junto com Silvia e família, sempre vivo em mim. José Martins Arantes, mineiro como eu, está, agora, descansando em paz junto ao Criador”, rememora Junqueira.

O jeitinho mineiro, o equilíbrio da voz - ao mesmo tempo suave e firme, a dedicação e seriedade estão entre as características que marcaram a atuação. Não demorou para José Martins Arantes mostrar ser dono de uma interlocução transparente, eficiente e respeitada junto aos deputados e senadores, nas pautas da carreira e do MPF.

Quem conviveu com ele, a exemplo do diretor de Assuntos Legislativos da ANPR, Peterson de Paula, confirma os atributos que fazem de José Martins Arantes, um nome a não ser esquecido.

“Arantes era um personagem atemporal. Tive a honra e o prazer de tê-lo conhecido desde meu ingresso no MPF, em especial durante a gestão da SRI, quando convivemos com mais proximidade. Uma lenda que trafegava com desenvoltura nos corredores, gabinetes e plenários do Congresso Nacional. De presidentes da República, das Casas Legislativas, incontáveis lideranças partidárias, todos lhe prestavam reverência quando o encontravam. A ele, se dirigiam como doutor Arantes, figura sempre afável, sorriso fácil, jeito mineiro que cativava a todos. Trazia consigo, além das qualidades que o faziam único, a estampa do MPF . Triste pela sua despedida, mas nos deixa um legado de dedicação naquilo que sempre amou fazer”, afirma entristecido.

A ANPR reúne outros depoimentos para relembrar aquele que fez história e ajudou a construir a história do MPF. Confira:

“Durante décadas fui testemunha da atuação do Arantes no Congresso Nacional em defesa dos mais elevados interesses do Ministério Público Federal, dos demais ramos do Ministério Público da União e do Ministério Público como um todo. Sempre foi inarredável o seu compromisso com a instituição e sempre foi insuperável a dedicação às nossas causas. Grande parte de nossas conquistas nestes longos anos não aconteceria sem a persistência e a insistência do magnífico trabalho do Arantes. Perdemos muito mais do que um excepcional assessor parlamentar. Perdemos aquele que era a própria face do MPF no Legislativo. Merece a gratidão eterna de todos nós e da nossa instituição!” (ex-PGR e ex-presidente da ANPR - subprocurador-geral da República aposentado Roberto Gurgel)

“Arantes, mineiro da gema, sabia ser mineiro com M maiúsculo! Jeito tranquilo, habilidoso, alegre e extremamente competente! Na Assessoria Parlamentar teve uma atuação ímpar. Certamente o MPF muito deve a ele! Meu irmão fraterno!” (ex-PGR e ex-presidente da ANPR - subprocurador-geral da República Rodrigo Janot)

“Arantes foi um pai para todos nós. Protetor e capacitado para o que fazia. Acompanhava nossas reivindicações e sempre nos colocava em contato com os parlamentares com os quais precisávamos interagir. Nosso trânsito era mais fácil através dele. Eu não tenho nenhuma história para contar, mas sei o geral. E o geral dele e nele foi importante e crucial para todos nós.” (ex-PGR interina - subprocuradora-geral da República Elizeta Ramos)

“Convivi com Arantes por longos anos, como diretor, presidente da ANPR e, anos depois, SRI da PGR. Arantes sempre foi um traço firme nos caminhos que percorremos no Congresso Nacional. Muito querido e respeitado por todos. O MPF deve muito a ele. Reverencio sua trajetória.” (ex-presidente da ANPR – subprocurador-geral da República Nicolao Dino)

“Eu lembro dele há mais de 30 anos, com certeza, o quanto ele foi importante nessa articulação parlamentar. Ele nos ajudava, sempre, com muita ética. Acho que ética expressa bem a conduta dele, o modo de ser. Ele não deixava transparecer preferências. Ele servia à instituição da melhor forma possível.” (ex-presidente da ANPR - subprocuradora-geral da República aposentada Ela Wiecko)

“Ser humano exemplar, esteio de profissional que tanto ajudou ao Ministério Público Federal e a todos nós, acaba de deixar esta vida. Não há palavras para dizer o que devemos e tudo que devemos à competência e dedicação de Arantes.” (ex-presidente da ANPR - procurador regional da República José Robalinho)

"Arantes merece todo o nosso reconhecimento e todas as homenagens. Foi um gigante e ajudou-nos, sem sombra de dúvida, sempre com uma largo sorriso no rosto e a generosidade no trato, a ultrapassar tempos bem difíceis no congresso nacional, muitas vezes trabalhando praticamente sozinho na assessoria parlamentar da PGR. Sempre ajudou a ANPR e também buscou nosso auxílio, quando observava que poderíamos auxiliar na resolução dos problemas que surgiam. Uma grande perda para todo o MPF, para todos nós!" (ex-presidente da ANPR- procurador regional da República Fábio George)

“Quando presidente da ANPR tive nele mais que um amigo: era a voz firme, serena e autorizada que me proporcionou passos seguros no Congresso mesmo nos momentos adversos. Rendi a ele, então, uma merecida homenagem em um de nossos encontros nacionais. Depois, fruí novamente dessa orientação como secretário-geral. Era um craque. Sua habilidade e elegância eram reverenciadas no Parlamento. Ele sempre criou luz onde passou. Lembremos dele desta forma.” (ex-presidente da ANPR - subprocurador-geral da República Alexandre Camanho)

"Sujeito extraordinário. Sua contribuição ao MPF foi inestimável. A ele todos ficaremos devendo por muito tempo. "Coisa de louco, Sô!" - ele costumava dizer, para chamar a atenção sobre fatos, atitudes e/ou situações as mais diversas, que não escapavam de seu arguto e perspicaz instinto de observação. Sempre nos lembraremos dele e a ele seremos gratos." (ex-presidente da ANPR - subprocurador-geral da República aposentado Álvaro Augusto Ribeiro)

“Arantes antes de tudo era um ser humano afável, de fino trato, uma pessoa do bem. Tive várias oportunidades de conviver profissionalmente com ele ao longo da minha carreira, testemunhei como era respeitado no Congresso, a facilidade em abrir portas e estabelecer contatos importantes para as causas do MPF. Dizem que ninguém é insubstituível, mas ele era sim, na função de assesssor parlamentar, um patrimônio do MPF. Merece todas as homenagens. Que descanse em paz! (procurador regional da República Augusto Vagos)

“O Arantes sempre foi e continuará sendo uma lembrança boa pra mim, desde meus tempos de Diretor da ANPR ... Há muito tempo. Linha de frente em ambas as casas do Congresso, abria portas e contornava dificuldades, com eficiência insuperável, fruto do seu jeito afável, simpatia e elegância. Que ele esteja em paz. Fez muito por merecer. Saudade." (procurador regional da República José Homero Fernandes de Andrade)

Inquestionável. A ANPR perde um “associado e filho afetivo”, que se fez presente em ocasiões marcantes da associação, como congressos para discutir pautas de grande relevância, inclusive, na construção do novo modelo do Ministério Público. Sem falar na presença dele garantida nos eventos, como os Encontros Nacionais dos Procuradores da República.

“Ô, sô, sentiremos sua falta!”, finaliza Ubiratan Cazetta.

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