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Monumento eterniza a história de Pedro Jorge

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e a Fundação Pedro Jorge inauguraram, nesta segunda-feira (28), monumento em homenagem ao procurador da República Pedro Jorge. A estátua está na Praça Elinaldo Nem, em Recife (PE), em frente a Procuradoria da República em Pernambuco, de forma a eternizar a história do agente público morto em 1982, por denunciar o maior esquema de corrupção da época, conhecido como o Escândalo da Mandioca.

A diretora da Fundação Pedro Jorge, Melina Montoya, após relembrar um pouco da história pessoal e profissional do procurador, afirmou que ele continua vivo no destemor de cada representante do Ministério Público Federal ciente dos impactos da atuação na sociedade. “Pedro Jorge sabia que a sua atuação era arriscada e não havia ambiente seguro em seu agir institucional, mas se viu entre o dever e a omissão. Seguiremos inspirados pela sua coragem e determinação em fazer valer concretamente a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais, apesar de todos os percalços que hoje nos confrontam e de todos que tentam nos intimidar”, arrematou.

Atual chefe da Procuradoria da República em Pernambuco – cargo que Pedro Jorge ocupou, o procurador Alfredo Falcão Jr. ressaltou o significado da escolha da praça. ”Essa praça está na frente da procuradoria da República onde Pedro Jorge foi chefe até o final da sua vida", lembrou.

A subprocuradora-geral da República aposentada, Dalva Almeida, não conteve as lágrimas ao ser homenageada durante o evento. Apesar de não ter conhecido o colega de MPF, eles tiveram como denominador comum em suas trajetórias profissionais: o escândalo da mandioca. Isso porque foi ela quem herdou os processos do procurador logo após o crime e não ficou só nisso. Ao se aposentar, dedicou-se ao longo de quatro anos a um livro que não deixa no esquecimento a fraude, as investigações, a denúncia e o assassinato. Ainda este ano, a ANPR irá lançar a versão digital do livro.

O presidente da ANPR, Ubiratan Cazetta, foi enfático ao lembrar que o legado deixado por Pedro Jorge como agente público no exercício da função e em defesa de interesses da sociedade é um marco e não pode ser esquecido. Mas, ele lembrou que a estátua concretiza a história também de um pai, de um esposo, de um cidadão. “Devemos pensar em Pedro Jorge como aquele que iniciou uma caminhada e que nos levou a esse desenho de Ministério Público Federal que 1988 nos deu, e que precisa ser consolidado, porque não existe instituição que esteja pronta. Ela precisa se renovar e se questionar diariamente para ver se está se afastando ou não dos seus objetivos. E essa luta não fica apenas na estátua. Ela tem que estar presente em cada um de nós. A história de Pedro Jorge deve iniciar sempre pelo lado humano, pelo que ele representou como pessoa, como pai, pela falta que ele fez, a partir de um ato de força e um ato de violência”, ressaltou.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, após homenagear Pedro Jorge, conclamou a todos a se manterem unidos na defesa da democracia e dos interesses da sociedade, em especial, dos menos afortunados. "O sacrifício de Pedro Jorge foi um divisor de águas na história do Ministério Público brasileiro. Era imperativo que seus membros tivessem, pois, garantias constitucionais, que vieram a ser consagradas com a Constituição de 88. Unidade, indivisibilidade e independência funcional estão asseguradas na lei maior. Aqui, cada um de nós é um Pedro Jorge, que dá parcela de sua vida para que a vida que Pedro Jorge não viveu seja vivida intensamente por cada membro da sua família, para que a sociedade brasileira tenha o seu autêntico defensor dos membros da instituição”. 

Criador do Monumento
A estátua que recebeu o nome “Uma vida pela justiça”, carrega em cada detalhe o carinho e o orgulho do povo pernambucano, em especial, do artista plástico Demetrio Albuquerque Silva Filho, que buscou reproduzir com a máxima exatidão características do procurador, como a altura, 1,80m. Mas, ele fez mais. Imortalizou o que o procurador representa para o Brasil. “Sou tocado por esses exemplos, que me levam a aprender muito mais. Porque são pessoas que têm um senso de humanidade além do dever. Eles espalham para a sociedade um exemplo, que é muito mais do que a figura profissional que eles têm. Nós, como artistas e escultores, temos a pretensão de que nosso trabalho nos supere, fique além de nós todos”, finalizou o artista.

Confira a cerimônia na íntegra: 

https://www.youtube.com/watch?v=4bpm2vrYybc

 

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