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Mulheres indígenas destacam luta por direitos no Acampamento Terra Livre

Mulheres indígenas destacam luta por direitos no Acampamento Terra Livre

Após dois anos de reuniões exclusivamente virtuais, 2022 marcou a volta presencial do Acampamento Terra Livre (ATL). Acampados na área entre o Planetário e a Torre de TV, em Brasília, indígenas de todo o Brasil estiveram reunidos no maior encontro desses povos no país no período de 4 a 14 de abril. Organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a edição deste ano trouxe como tema “Retomando o Brasil: Demarcar territórios e aldear a política”.

A presença feminina também foi uma pauta abordada, com a apresentação da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA). O coletivo procura reunir saberes, tradições, lutas convergentes, mobilizando mulheres pela garantia dos direitos e vida dos povos indígenas. As co-fundadoras da ANMIGA Telma Taurepang, do estado de Roraima, e Concita Sõpré, do Pará, trazem reflexões a respeito do Acampamento Terra Livre deste ano.

Telma Taurepang é Coordenadora Geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB). Ela diz que os povos indígenas entendem que o ATL é resultado da união e da força das lideranças que ergueram o acampamento. Telma considera que os indígenas precisam estar lado a lado para ganhar essa grande batalha que estão enfrentando.

Concita Sõpré, que é integrante fundadora da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (FEPIPA), ressalta o ressurgimento da dor no acampamento, ao não ver novamente alguns companheiros que estavam no último ATL presencial. Ela relata que estava próxima a outras lideranças que faleceram em decorrência da Covid-19. “É muito forte o que acontece no ATL nesse ano, mas ao mesmo tempo que viemos carregados de dor, também temos muita esperança”, declara.

Concita diz que mesmo virtualmente, os povos continuaram lutando, as mulheres indígenas realizaram diversas lives, mas acredita que isso não se compara ao encontro presencial. “Aqui a gente vai se abraçar, se tocar, ‘batendo o pé no chão’ e marchando juntos nesse asfalto. A ANMIGA veio para somar ao movimento e mostrar a resistência feminina também”. Ela relata que se emocionou ao ver as mulheres indígenas lançando pré-candidaturas ao cargo de deputada, foi algo marcante para ela.

“Queremos que as pessoas somem forças ao movimento indígena, valorizando e dando visibilidade aos povos, mostrando que nós existimos e somos resistentes a mais de 521 anos”, declara Telma Taurepang sobre a importância do apoio dos não indígenas ao movimento. A Coordenadora Geral da FEPIPA considera que todo apoio é bem vindo, pois sem esse companheirismo, a luta é ainda mais dificultada.

Concita Sõpré acredita que o apoio à causa indígena está relacionado ao cumprimento de direitos já assegurados pela lei. Segundo a integrante da FEPIPA, ao violarem os direitos dos indígenas, as pessoas acabam concordando com a morte da floresta. “Os direitos constitucionais já existem, não estamos pedindo favores, apenas justiça. Porque, os projetos de lei como o PL 191/20, que autorizaria a mineração em nossas terras, são inconstitucionais. É de fundamental importância que os procuradores, que já conhecem a legislação, estejam nos apoiando, como forma de defesa aos direitos e à Constituição.”

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