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Painel apresenta homenagens em memória de Pedro Jorge

O XXXVII Encontro Nacional dos Procuradores da República transmitiu, nesta quarta-feira (10), painel destinado a iniciar a série de homenagens ao procurador da República Pedro Jorge, cujo assassinato completará 40 anos em 2022. O encontro antecipou fotos da estátua do procurador, já finalizada; do podcast destinado a relembrar o Escândalo da mandioca, a sua morte e legado (confira o trailer da obra); além de edital para a submissão de artigos. O painel também homenageou o ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, que faleceu na semana passada.

O encontro reuniu as filhas de Pedro Jorge, Marisa e Roberta Viegas; a presidente da Fundação Pedro Jorge, Melina Montoya; a subprocuradora-geral Dalva Almeida, autora de obra sobre o Escândalo da Mandioca e o assassinato de Pedro Jorge; o procurador da República André Estima; e o jornalista da Trovão Mídia José Orenstein. O painel teve início por uma homenagem devido ao recente passamento de Brindeiro. Ex-procurador-geral da República, ele teve papel fundamental para a responsabilização dos mandantes do crime contra Pedro Jorge e ainda impulsionou a aprovação de projeto de lei para autorizar a promoção a subprocurador-geral da República post mortem.

As filhas de Pedro Jorge, em suas falas, falaram das lembranças que têm do pai. "Éramos crianças, por isso nossas lembranças pessoais se confundem com a pública, que é muito rica, permeada de detalhes. Sempre que encontramos quem o conheceu, sabemos novos detalhes de tudo. Foi um acontecimento que marcou minha vida, da minha irmã e da nossa família, mas que, acima de tudo, marcou o país e a instituição Ministério Público", afirmou Roberta. "É bom saber que mesmo com a saudade, tantas mudanças aconteceram a partir do assassinato dele e o tanto que ele inspira, até hoje. Meu pai inspira muita gente e isso nos conforta", disse Marisa.

Autora de obra sobre o Escândalo da Mandioca, e substituta de Pedro Jorge nas investigações, Dalva relembrou do trabalho de apuração para o livro e de como o caso marcou sua vida. "Muita gente se omitiu em relação a Pedro Jorge. Quando entrei no Ministério Público, ninguém havia nem sequer assumido as investigações do Escândalo da Mandioca", lembrou. "Resolvi escrever o livro para que eu pudesse, enfim, quando finalizasse o livro, ver o rosto de Pedro Jorge (...) a imagem dele, o sacrifício dele, não foi em vão, foi em torno de um Ministério Público forte, institucionalizado e democrata", concluiu.

Natural de Serra Talhada, no interior de Pernambuco, local onde ocorreu o Escândalo da Mandioca, o procurador André Estima discorreu sobre a cultura de violência e pistolagem e como a morte de Pedro Jorge influenciou a região. "Hoje, temos unidade do MPF na região de Serra Talhada, há uma maior presença do Estado, o que ajuda em uma resposta mais efetiva e mais imediata a conflitos", diz. "O que houve com Pedro Jorge, inclusive, foi inspiração para que os Constituíntes construíssem a atual configuração do MP, com maior independência e maiores condições de se fazer um trabalho mais rigoroso no enfrentamento da corrupção", lembrou.

Podcast
O painel também apresentou um trecho do podcast "Morto pela causa", que contará a história de Pedro Jorge, do crime e seus desdobramentos para o país (confira o trailer da obra). Realização da Fundação Pedro Jorge e da ANPR, o podcast está em fase de produção pela Trovão Mídia e deve ter o primeiro episódio disponibilizado nos próximos dias, nas principais plataformas de streaming. "O que mais nos surpreendeu, durante a apuração do podcast, é como o próprio Estado esteve envolvido, tanto na fraude, como no assassinato de Pedro Jorge, a partir da figura do mandante, major Ferreira", falou Orenstein. "Tem sido uma experiência marcante poder relembrar essa historia e fazer com que mais pessoas conheçam o legado e o trabalho de Pedro Jorge, da família, e de todos os envolvidos nessa construção diária, tão necessária, da democracia no nosso país", reforçou.

Em fase de finalização, o painel também revelou a estátuta de Pedro Jorge, que será inaugurada em frente à Procuradoria da República no Recife.

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