Em 3 de março de 1982, há exatos 40 anos, o procurador da República Pedro Jorge de Melo e Silva foi à padaria e nunca mais voltou. Pedro Jorge foi assassinado com três tiros, três meses após oferecer denúncia contra oficiais da Polícia Militar de Pernambuco, um deputado estadual e outras 21 pessoas envolvidas em um esquema de corrupção conhecido como o Escândalo da Mandioca.
Os denunciados se passavam por produtores rurais e conseguiam empréstimos no Banco do Brasil para plantação de mandioca. Em seguida, alegavam que a seca havia destruído a plantação e recebiam seguro agrícola. Esse esquema desviou o equivalente, nos dias atuais, a R$ 30 milhões de reais.
Esse poderia ser mais um assassinato encomendado, algo muito comum no sertão de Pernambuco na década de 1980. Mas o crime ocorrido à luz do dia chocou o país e não caiu no esquecimento e nem na impunidade.
O caso Pedro Jorge se tornou símbolo e fortaleceu a categoria e a Instituição, pois reforça as teses de um Ministério Público autônomo, além da necessidade de garantias para seus membros. Seu profissionalismo e a coragem de investigar figuras poderosas e lutar contra ações de corrupção – mesmo diante das constantes ameaças – inspira a atuação dos procuradores da República.
No próximo dia 28 de março, a ANPR e a Fundação Pedro Jorge prestarão uma homenagem à memória de Pedro Jorge com a inauguração de uma estátua em frente à sede do Ministério Público Federal em Pernambuco. O presidente da ANPR, Ubiratan Cazetta, destaca que não se trata apenas de uma estátua. “O que se busca é manter viva a memória e provocar o debate público sobre o papel do Estado na implementação de políticas públicas, na fiscalização dos desvios e no aprendizado constante da nossa função”.
Para Cazetta, a data nos remete à reflexão sobre o aprendizado institucional no período. “Devemos aprender com os erros, rever o Escândalo da Mandioca com o cuidado com que se analisa um acidente aéreo, retirando da caixa preta e dos vestígios não apenas os responsáveis pelo fato, mas, especialmente, como evitar que continuem a ocorrer”, afirmou. Nesse exercício, completa o presidente da ANPR, há perguntas que são inevitáveis para temas que seguem no debate público, como a persistência da impunidade, a necessidade de aprimorar o sistema de investigação e o fortalecimento de políticas públicas.
Inauguração de monumento em homenagem ao procurador da República Pedro Jorge de Melo e Silva
Local: Praça Elinaldo Nem - Recife PE
Data: 28 de março, às 14h30
Transmissão ao vivo pelo canal da ANPR no YouTube
Conheça detalhes dessa história e da importância de celebrar a existência de Pedro Jorge de Melo e Silva no podcast “Morto pela causa”.