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Quando a Guerra passou por Natal (RN)

Quando a Guerra passou por Natal (RN) - Imagem do Artigo

Em 1942, Natal (RN), à época com 55 mil habitantes, se transformou em dos pontos centrais da Segunda Guerra Mundial. A instalação de duas bases militares norte-americanas provocou mudanças e deixou memórias perenes. Recentemente, ação do Ministério Público Federal (MPF) para preservar o patrimônio histórico do período resultou no livro “Lugares de Memória”, do pesquisador Rostand Medeiros.

“Eu instaurei um inquérito civil com o objetivo de proteger e resgatar o patrimônio histórico e cultural relacionado aos imóveis ocupados pelas tropas americanas em Natal. Durante o procedimento, realizamos reuniões com diferentes atores, representantes de órgãos públicos, pesquisadores. Foi aí que eu encontrei Rostand Medeiros”, explica o procurador da República no Rio Grande do Norte Victor Mariz.

A obra foi lançada oito meses depois da primeira audiência pública sobre a preservação do patrimônio histórico potiguar. Ela traz informações e curiosidades das edificações utilizadas na capital potiguar durante a Segunda Guerra. Ao todo, são mostrados 27 locais, como quartéis, hospitais, sedes de companhias aéreas, bares, cabarés, hoteis, clubes militares, residências de oficial e do cônsul norte-americano, entre outros. A cidade foi escolhida pelos Estados Unidos devido à posição estratégica em relação aos continentes africano e europeu, o que permitia decolagens com segurança. A passagem do Exército aliado fez a região experimentar desenvolvimento econômico inédito.

As informações que constam nas 170 páginas da obra faziam parte de um relatório para nortear as ações do Ministério Público Federal. “Eu estava representando o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e me voluntariei, na audiência pública, para elaborar o relatório. O documento acabou ficando simples e dinâmico, como se fosse um guia prático sobre a história da cidade”, contou o pesquisador Rostand Medeiros.

O conteúdo fez com que o historiador pensasse em algo ainda maior, que pudesse ser acessível a todo e qualquer cidadão. Nesse meio tempo, a Prefeitura de Natal divulgou edital para publicações. “Lugares de Memória” foi um dos contemplados. Hoje, o livro é o nono mais vendido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que comercializa a obra com exclusividade. “Para mim, foi uma grande surpresa. Não é a questão do número, mas do retorno e da preocupação da sociedade em relação a questões históricas e de preservação do patrimônio”, comemorou Rostand.

Os efeitos da publicação e do inquérito civil do MPF ainda foram além. Da mobilização, veio o primeiro grupo de estudos do Departamento de História da UFRN, focado na 2ª Guerra Mundial. Segundo Mariz, o trabalho não acabou. A ideia é criar o Museu da Rampa para contar a história da aviação e da participação de Natal na guerra, assim como em Parnamirim, também no Rio Grande do Norte, com o Centro Cultural Trampolim da Vitória. “Também queremos, com o apoio do Sebrae, criar uma rota turística e histórica em Natal. O projeto ainda está em fase de tratativas com administração municipal”, disse.

O procedimento do MPF que estimulou o historiador a escrever “Lugares de Memória” continua tramitando na Procuradoria da República do RN.

Quando a Guerra Passou por Natal

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